Por: Márcio Souza da Silva – Secretário de Mobilização Nacional e Presidente do PV/RS
Acho interessante que, historicamente, quando há uma real ameaça antidemocrática, alguns agentes políticos flertam, direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente, com ela, usando sempre o argumento raso e pouco consistente da anticorrupção. Para estes “paladinos da ética e moral”, tudo se justifica por este fim, ignorando que os “regimes” que se instalam sob este argumento, fazem tudo, menos o combate a corrupção. Assim foi no Estado Novo, assim foi no golpe de 1964 e assim está sendo no golpe midiático/judicial/militar de 2014. Em todas estas experiências, a democracia involuiu, a população mais carente ficou ainda mais pobre, direitos civis, sociais inacessíveis e trabalhistas foram suprimidos e a democracia cambaleou, bem como os índios, mulheres e minorias foram atacados e marginalizados. Os arautos do tudo e todos são iguais, apegam-se a questões pontuais, ignorando a amplitude do cenário de caos existente e em curso.
Por favor, se nós do PV não tomarmos contundente posição para darmos um basta agora em Bolsonaro, e em tudo que o sustenta, teremos muito tempo para lamentarmos nosso erro estratégico ao termos permitido que um novo modelo de ditadura institucional se consolide no Brasil. Venho dizendo isso desde antes da última eleição presidencial. Não existe outra saída política para o Partido Verde. Não existe, nesta eleição, qualquer possibilidade de uma terceira via que se sustente no combate à anomalia atual. A única seria Ciro Gomes, logo não há, por ser o Ciro Gomes quem ele é. Portanto, ou seremos COLABORADORES, direta ou indiretamente em 2022, ou estaremos ao lado da resistência e ruptura com esse arremedo de ditadura da imbecilidade, da irracionalidade, do terraplanismo, ou seremos parte desta tragédia. Ah, mas então concordamos com tudo que a esquerda tradicional cometeu de equívocos? NÃO, mas a prioridade das prioridades, neste momento histórico, é o resgate da democracia e a libertação das instituições, para que em 2026, possamos sonhar com um projeto Verde, Democrático, Inclusivo e Sustentável.
Para olhar para frente é preciso espiar o passado, não cometendo os mesmos erros, pelo purismo que nenhum de nós é capaz de exercer individualmente contra o aparelhamento fascista das instituições, policiais, judiciais, midiáticas…