Por José Luís Penna – presidente nacional do Partido Verde
Nestes tempos terríveis, em que a pandemia da Covid-19 ceifa milhares de vidas – já são mais de 60 mil mortos no País e os brasileiros infectados passam de 1,3 milhão –, é preciso reverenciar aqueles que estão na linha de frente para salvar pessoas, seja nas cidades, nas favelas ou nas aldeias indígenas dos rincões do Brasil. São médicos, enfermeiros, técnicos de saúde; enfim, todo um exército de profissionais valorosos que arriscam as próprias vidas para evitar o aumento da mortandade e aliviar o sofrimento dos doentes. Estes são os verdadeiros heróis desta Pátria de tantos mitos falsos quanto heróis espúrios!
Precisamos enterrar os mortos e cuidar dos vivos, para que eles permaneçam vivos. E também tirar as lições dessa tragédia. Já devíamos ter entendido que a natureza é sábia, mesmo quando se manifesta de maneira violenta e, aparentemente, irracional. Ela está querendo nos dizer algo. Não foi à toa que povos ditos ‘primitivos’, das mais diversas etnias, criaram ao longo da história deuses semelhantes à natureza, de modo que pudessem interagir com ela. Era como se, através desses deuses, o ser humano dialogasse com a mãe natureza. Para entender, como os ‘povos primitivos’ entendiam, que, como toda boa mãe, a natureza às vezes precisa ser rigorosa, castigando seus filhos quando eles fazem traquinagens.
Estamos tão acostumados à poluição, à devastação da natureza, que quase não percebemos a dimensão da destruição que pode comprometer o futuro das próximas gerações. Foi preciso que a pandemia da Covid-19 nos obrigasse a ficar em casa em quarentena para que pudéssemos ser capazes de enxergar que ainda podemos salvar o meio ambiente. A poluição na cidade de São Paulo, por exemplo, caiu 50%; as águas da Baía da Guanabara estão translúcidas, a ponto de podermos ver a vida marinha; também deixamos de jogar na atmosfera trilhões de toneladas de carbono. Vimos que a devastação não é inevitável.
Mas não é só o aspecto ambiental: no plano social também pudemos constatar as dramáticas consequências sociais de processo de concentração de renda brutal, criado pelo sistema rentista neoliberal. Tudo isso nos obriga a sonhar e a pensar em mundo novo, totalmente diferente deste que está aí. É urgente construir mundo diferente, mais equilibrado do ponto de vista ambiental, com modelo de desenvolvimento sustentado. Mas também mundo socialmente mais digno. Mas, com este governo, não será possível nenhuma mudança, nenhum passo à frente. Estamos retrocedendo décadas, quase voltando aos tempos da ditadura militar, com esse autoritarismo, essa ode à ignorância, essa insensibilidade social e esse obscurantismo cultural.
Fonte: Diário do Grande ABC