Ainda sem muita badalação, começou na segunda-feira (2), a 25a. Conferência das Partes pelo Clima, na capital espanhola. Prejudicada pela alteração repentina de sede, a COP-25 hoje estava mais vazia do que nas últimas edições e sem comparação com o imenso fluxo de pessoas gerado na COP-21, realizada quatro anos atrás em Paris.
Em entrevista publicada hoje no jornal El País, o ministro do meio ambiente brasileiro, Ricardo Salles, seguiu mantendo algumas das falsas afirmações da narrativa governamental. Ontem, Salles ganhou o prêmio “Fóssil do Ano” pelas acusações de que ONGs estariam por trás do aumento das queimadas amazônicas.
Na entrevista, Salles manteve o tom que faz do governo Bolsonaro uma verdadeira tragédia ambiental para o Brasil. Ao participar do evento apenas na semana antes das conversações de alto nível entre os governos, demonstra que o interesse brasileiro no cumprimento do Acordo de Paris é muito pouco, ou quase nenhum.
Cabe aos governos – principalmente da União Europeia – estabelecerem sanções drásticas contra o ataque do bolsonarismo ao meio ambiente. Porque se não forem impostos limites ao ímpeto do governo brasileiro em dilapidar as políticas ambientais – como bem disse hoje Eliane Brum no mesmo El País – “é melhor nem saírem de casa”.
A novidade na política espanhola foi a eleição de Pilar Llop para presidenta do Senado. A juíza feminista de 46 anos, especializada em violência de gênero, é a segunda mulher a dirigir o Senado espanhol.
Apesar do grupo socialista ter perdido a maioria no Senado, Pilar foi eleita em segundo turno, com 130 votos contra 109 do candidato do Partido Popular (centro-direita).
Ao comentar a presença de senadores do Vox (extrema-direita), Llop disse que não permitirá que “se rompa o consenso do Pacto de Estado contra a violência de gênero”.
Perguntada sobre quando a chegada de mulheres postos-chaves da política internacional, Pilla Llop afirmou:
– A igualdade tem que ser trabalhada dia-a-dia. Vai ser uma questão que teremos muito presente. Temos que lutar todos os dias. Não existe um objetivo único, essa é uma luta constante.
Fabiano Carnevale é delegado oficial da Global Greens na COP-25 e Secretário-Adjunto de Relações Internacionais do Partido Verde.