Com a chegada do modelo em escala real do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) produzido pela cearense Bom Sinal, engenheiros e técnicos da Itaipu Binacional iniciam nos próximos dias a implementação de um sistema de tração elétrica inédito no mundo. Dividido em duas fases, o projeto, ainda sem custos estimados, será desenvolvido em parceria com diversas empresas especializadas no setor, como a KWO, que já opera um VLT na Suíça; a Stadler, com experiência de mais de 50 anos no segmento; as alemãs Voith e Siemens; e a canadense Bombardier.
A primeira etapa, com prazo estimado de um ano e meio, tem como objetivo analisar e adaptar o sistema de tração elétrica, incluindo motor e os sistemas de acoplamento, fixação e acionamento. Uma das preocupações apontadas pelo engenheiro Márcio Massakiti Kubo, da Assessoria de Mobilidade Sustentável de Itaipu, será adequar a tração do veículo ao tipo de aplicação desejada, neste caso, o transporte de passageiros, que difere da utilizada em um caminhão ou em um ônibus, por exemplo.
Na fase seguinte, também com prazo previsto de um ano e meio, a proposta é substituir os cabos de alimentação externos, as chamadas catenárias, por motores elétricos alimentados por baterias de sódio recarregáveis. Essa tecnologia vem sendo desenvolvida por Itaipu desde 2006. Em seis anos, a equipe instalou e já testa motores elétricos em automóveis de passeio, utilitários, caminhões e ônibus. “Será a primeira vez que teremos um VLT movido a baterias”, afirma o coordenador brasileiro do Projeto Veículo Elétrico (VE), Celso Novais.
Movidos a diesel e a biodiesel, os veículos comercializados pela Bom Sinal – empresa que construiu o protótipo que chegou nesta semana à hidrelétrica – oferecem três opções de composição. A menor delas, com dois vagões, tem 37 metros e capacidade para até 48 passageiros sentados. A maior, com quatro vagões e 74 metros de comprimento, é projetada para transportar até 208 pessoas sentadas. Na versão original, pode atingir velocidade máxima de 120 km/h. Na elétrica, a velocidade poderá chegar a 170 km/h. “Além do custo menor, outra vantagem é a emissão zero de poluentes”, completa Novais.
PAC
Com recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade, a iniciativa vem despertando interesses no país e no exterior. Somente no Brasil, cerca de 700 municípios querem empregar o VLT como alternativa de transporte público, entre eles Foz do Iguaçu, onde os estudos estão em andamento. Apresentado ao Ministério das Cidades por representantes do Instituto de Trânsito local, o projeto completo prevê a ligação por 52 quilômetros de trilhos de Itaipu até o Parque Nacional do Iguaçu, dois dos principais atrativos turísticos da cidade.
Gazeta do Povo