Para os verdes brasileiros faltou ambição das autoridades competentes na elaboração do documento
A Rio+20 chegou ao fim na última sexta-feira (22/6) com o documento oficial denominado “O Futuro que Queremos”. Pela primeira vez os três pilares (social, ambiental e econômico) entraram na pauta do conceito de desenvolvimento sustentável, o que, para os verdes, foi considerado um avanço. Mesmo assim, segundo o presidente nacional do Partido Verde, deputado federal José Luiz Penna (PV-SP), faltou ousadia no texto final. Porém, para ele, a Conferência não deve ser analisada somente com base no documento e sim pela mobilização popular que gerou, levando a população a repensar seu papel no desenvolvimento sustentável do planeta.
A crítica dos verdes foi motivada pela falta de ambição das autoridades na exigência de definições claras, repasses financeiros, discriminação de prazos para adoção de medidas e a ampliação de poderes do Programa das Nações Unidades para o Meio Ambiente (Pnuma). O documento apenas sinaliza um processo para definição de metas até 2014, para começarem a valer a partir de 2015.
Segundo o presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, deputado Sarney Filho (PV-MA), já eram previstas as faltas de metas concretas por conta da crise econômica que atinge vários países que participaram da Rio+20.
O deputado defendeu a ideia de que os países ricos devem ser cobrados pelos serviços ambientais prestados pela Amazônia ao mundo. “Estamos preservando um bem ambiental que é fundamental, e ao mesmo tempo lutando para mudar nossos padrões de consumo”, afirmou.
Os eventos paralelos à Rio+20, como o C40 (reunião entre prefeitos das maiores cidades do mundo que definiu metas para a redução de emissão de gases até 2030), conseguiram mostrar sua importância. Para o Partido Verde, a mobilização da sociedade em discussões sobre o meio ambiente foi o diferencial da Rio+20. O evento gerou reuniões organizadas pela própria sociedade civil para debaterem e colocarem em prática nos seus bairros, ações que destruam menos o ambiente.
O PV na Rio+20
Paralelamente Rio+20, o Partido Verde organizou vários eventos de impacto e repercussão global. No dia 18 de junho, verdes do Brasil e de mais 36 países reuniram-se, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, para validar o documento mundial oficial que foi encaminhado para a Rio+20. O documento oficial foi redigido em abril deste ano em Dakar no III Congresso Global Greens.
Com metas claras em três eixos de atuação que visam a eficiência de uma economia verde: a governança mundial, a descarbonização da economia e o desmatamento zero, o documento foi validado pelos dirigentes do Global Greens, e reiterado pelos jovens do Young Global Greens, representantes dos povos indígenas e militantes verdes brasileiros.
Além disso, os verdes parlamentares seguiram o debate sobre mudanças climáticas no seminário internacional Territórios sem Fronteiras, que aconteceu em Niterói, dia 19 de junho.
Os militantes verdes, em principal a Juventude, ficaram acampados na Quinta da Boa Vista, onde a Fundação Verde Herbert Daniel montou uma Tenda. Lá, os jovens organizaram palestras e rodas de conversa. No dia (20/6), o Partido Verde do Rio de Janeiro, em parceria com o Young Global Greens, fizeram uma manifestação contra investimentos brasileiros em usinas de energia nuclear.
Balanço
De acordo com o balanço operacional da Rio+20, divulgado pela prefeitura carioca a Conferência levou ao Rio de Janeiro cerca de 110 mil pessoas, na semana passada.
O evento, que aconteceu no Riocentro, Barra da Tijuca, levou 45 mil participantes para debaterem e negociarem soluções sobre o desenvolvimento do planeta. Já nos eventos paralelos à Conferência, como a Cúpula dos Povos e o Humanidade 2012, o número de visitantes foi de mais de um milhão.