Todas as COP´s são formadas pela frieza das negociações entre as Partes e o calor da sociedade civil se insinuando do lado de fora. Em Paris, apesar do acordo dos países, foi na Cúpula dos Povos que a esperança se fez sentir. Esse ano, a Cúpula dos Povos se manteve em Santiago, longe dos espaços decisórios.
Mas o grito dos povos hoje fez-se ecoar por todo o planeta. Milhares de pessoas enfrentaram o frio de Madri para formar uma das maiores marchas pelo Clima da história mundial.
Foi a anti-COP. Os gritos dos povos contra as letras frias dos tratados oficiais – constantemente ameaçados por governos reacionários. Trump, Netanyahu, Orban ou Bolsonaro. Os negacionistas estão na roda. Mas tem um mar de gente dizendo que nós não temos mais tempo a perder. Enfrentar a Crise Climática é uma emergência.
É interessante analisar a dimensão simbólica da luta política que se forma pelo Clima. Contra a empáfia desses homens retrógrados, surgem símbolos potentes de resistência, principalmente as jovens mulheres. Uma delas, portadora da Síndrome de Asperger, aparece gigante. Greta Thumberg se transformou numa ideia irresistível.
Hoje ela tentou participar da Marcha com sua plaquinha feita à mão, como se estivesse em Estocolmo há pouco mais de um ano. Não conseguiu caminhar muito. Com o assédio da imprensa internacional e dos milhares de militantes, teve a participação limitada pela segurança do evento.
A menina que grevava solitariamente às sextas-feiras, hoje aglutina os sentimentos e desejos de milhares de pessoas pelo mundo. A imagem da pequena sueca com sua placa em frente ao parlamento sueco se transformou num símbolo que movimenta e inspira toda uma geração.
Obrigado, Greta!
Fabiano Carnevale é delegado oficial da Global Greens na COP-25 e Secretário-Adjunto de Relações Internacionais do Partido Verde.