Seis ex-ministros de Meio Ambiente do Brasil se uniram para criticar as Medidas Provisórias que reduzem áreas protegidas e para pedir ao presidente Michel Temer (PMDB) que as vete.
Num artigo publicado no jornal Valor Econômico, Izabella Teixeira, Carlos Minc, Marina Silva, José Carlos Carvalho, Rubens Ricupero e José Goldemberg afirmam que as MPs 756 e 758 aumentarão a ocupação ilegal de terras, induzirão ao aumento do desmatamento e colocarão em risco nossas metas climáticas, já que o corte de florestas é o principal fator de emissão de carbono do país.
O artigo cita o anúncio de Donald Trump sobre a saída do Acordo de Paris, feito às vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, e afirma que no Brasil “também não há motivo para celebrar o 5 de junho”.
“O governo criticou a decisão dos Estados Unidos. Em nota, os ministérios das Relações Exteriores e Meio Ambiente, afirmaram que ‘o Brasil continua comprometido com o esforço global de combate à mudança do clima e com a implementação do Acordo de Paris’, posição que foi reforçada pelo presidente Michel Temer, na Cerimônia do Dia Mundial do Meio Ambiente, ao assinar o decreto que torna o acordo parte da legislação brasileira. No entanto, quem acompanha a pauta socioambiental não tem encontrado respaldo para essa afirmação”, afirma o sexteto.
Em seguida, o artigo discute as duas Medidas Provisórias que, somadas, podem retirar de proteção 600 mil hectares de unidades de conservação na Amazônia.
“Em meio à turbulência política do país, pode parecer secundário preocupar se com as políticas ambientais. Não é. A taxa de desmatamento da Amazônia, que vem em preocupante elevação desde 2014 e atingiu quase 30% em 2016, pode afastar investidores e mercados externos que passam a desconfiar da competência do Brasil para cumprir suas obrigações e compromissos internacionais.”
O texto conclui com um apelo a Michel Temer pelo veto integral às MPs. Segundo os ex-ministros, esta é a única posição coerente com as lideranças do século XXI. “Esperamos, com isso, que o presidente Temer possa usar a decisão sobre essas MPs como uma oportunidade para dizer ao Brasil em que período histórico o seu governo se encontra”, afirmam os ex-ministros. “Torcemos pelo século XXI.”
Fonte: Observatório do Clima